Fui ativista estudantil (1967/68). Militante clandestino (1969/70). Preso político (1970/71). Tenho travado o bom combate, lutando por um Brasil mais justo, defendendo os direitos humanos, combatendo o autoritarismo.

Sou jornalista desde 1972. Crítico de música e de cinema. Cronista. Poeta. Escritor. Blogueiro.

Tentei e não consegui eleger-me vereador em São Paulo. Mas, orgulho-me de ter feito uma campanha fiel aos objetivos nortearam toda a minha vida adulta: a construção de uma sociedade igualitária e livre, tendo como prioridades máximas o bem comum e a felicidade dos seres humanos.

Em que a exploração do homem pelo homem seja substituída pela cooperação solidária do homem com os outros homens. Em que sejam finalmente concretizados os ideais mais generosos e nobres que a humanidade vem acalentando através dos tempos: justiça social e liberdade.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

VIROU PORNOCHANCHADA: REINALDO AZEVEDO SUGERE QUE BOULOS FOI MOLESTADO NA INFÂNCIA.

fina ironia de Guilherme Boulos no artigo Sugestões para o Ministério de Dilma (vide aqui) foi respondida por Reinaldo Azevedo com uma avalanche de ad hominem e baixarias, tanto na Folha de S. Paulo (aqui) quanto no blogue da nunca veja (aqui). 

Sem querer ele provou que uma sugestão do Boulos era equivocada: um sujeito tão limitado intelectualmente não serviria de jeito nenhum para ministro da Cultura, nem mesmo para suceder à nada brilhante Marta Suplicy. 

RA precisaria de uma professora que o botasse de castigo, obrigando-o a copiar cem vezes a frase: ironia se responde com ironia, sarcasmo com sarcasmo, quem parte logo para a agressão não passa de um desordeiro de botequim

Pessoalmente desaprovo a utilização da orientação sexual (real ou suposta) de algum desafeto como trunfo para sua desqualificação. Mas, não consigo deixar de rir quando a coisa é feita de forma tão espirituosa como num artigo que o Fernando Collor lançou para detonar o Itamar Franco, por quem se considerava traído. 

Não afirmou uma única vez que o dito cujo era gay, mas cada frase continha uma sugestão velada nesta direção. O ghost writer dele caprichou, conseguindo condensar, num espaço reduzido, uma verdadeira coleção de duplos sentidos homofóbicos. Meu lado de escritor foi conquistado pela verve do sujeito... 

Da mesma forma, Boulos bateu no RA com luvas de pelica, ao justificar, dirigindo-se a Dilma, sua indicação para a Pasta da Cultura: 
"Ele vive falando mal da senhora, mas acho que no fundo é tudo ressentimento. Uma ligação e ele se abre que nem uma flor. Vai por mim, até um rottweiler precisa de carinho. É isso que ele deve estar esperando há anos"
A reação do RA foi a mais banal possível, igualzinha a uma que eu tive aos 18 anos, quando era líder secundarista e, numa reunião com estudantes que tentávamos recrutar, uma participante disse que os defensores da luta armada eram homossexuais enrustidos querendo aparentar virilidade. Inexperiente, sem jogo de cintura, só me ocorreu retrucar com uma grosseria: 
"Se você quiser, podemos tirar a prova agora mesmo, na frente de todo mundo!"
Aos 53 anos, o RA só foi capaz de sair por idêntica tangente: 
"Não sei se notam a sugestão, nada sutil, de que sou um veadinho, 'que se abre que nem uma flor'. (...) Ele poderia tentar me ganhar, sem o apoio de seus bate-paus e incendiários, para sentir o perfume, hehe"
Sendo Boulos professor de psicanálise, talvez treplique com um lugar-comum freudiano: negações muito enfáticas costumam equivaler a afirmações às avessas. Mas, com certeza, ele deve ter conquistas melhores das quais se ocupar. Nem como veadinho (uso a terminologia dele) o RA seria atraente. 

Já esta suposição do colunista mais reacionário da revista mais reaça do Brasil está mais para chute na virilha, daqueles que brigões de rua desferem quando estão levando uma surra: 
"Esse rapaz foi molestado na infância e acabou ficando assim?" 
Desde quando ter sido vítima de um crime sexual em plena infância é algo de que alguém deva se envergonhar e que possa servir de munição contra ele?! Como pode um jornalista ter uma cabecinha tão pequena? Que conceitos aberrantes povoam a mente desse formador de opinião!

O RA parece um pugilista que está nocauteado em pé e continua lançando os braços mecanicamente para a frente. Por caridade, o Boulos deveria mandá-lo logo para a lona.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O BOLSONARO E O REINALDO AZEVEDO NÃO PODEM FALTAR NESSE DESPAUTÉRIO!

Faz muito tempo que eu não leio um artigo político tão pertinente e bem humorado como este que reproduzo abaixo, merecidamente na íntegra. 

O Guilherme Boulos, formado em filosofia pela USP e membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, está de parabéns! Deu o tratamento adequado à piada de mau gosto que a Dilma está tentando fazer passar por um Ministério

E que esta bem mais para um despautério... 

SUGESTÕES PARA O MINISTÉRIO DE DILMA 

Guilherme Boulos 

Nós dos movimentos sociais nos sentimos amplamente contemplados com os primeiros nomes para seu ministério. Governo novo, ideias novas. Os gestos não poderiam ter sido melhores. 

Joaquim Levy na Fazenda foi uma sacada de gênio, com grande sensibilidade social. Pena que o Trabuco não quis, mas confio que seu subordinado no Bradesco dará conta do recado. A Marina queria indicar gente do Itaú. O Aécio tinha obsessão pelo Dr. Armínio.

Mas esses, como a senhora disse na campanha, tomariam medidas impopulares. A solução certamente está com o Bradesco. Itaú de fato não pode, mas Bradesco... vá lá! 

Kátia Abreu na Agricultura achei um pouco ousado demais. Cuidado pra não ser chamada de bolivariana! Os índios e os sem-terra estão em festa pelo país. Não temos dúvidas de que o ministério terá um compromisso profundo com a demarcação das terras indígenas, o combate ao latifúndio e com a Reforma Agrária. 

Armando Monteiro no Desenvolvimento deixa seus detratores sem argumentos, muito bem! Dizem que a senhora não dialoga com a sociedade civil. Ora, como não? A Confederação Nacional da Agricultura em um ministério e a Confederação Nacional da Indústria em outro. Aí está a gema da sociedade civil, as entidades patronais. 

Tem gente sendo injusta com a senhora, dizendo que essas indicações sinalizam que seu governo irá aplicar o projeto derrotado nas urnas. Não se deixe levar por isso. Estão fazendo o jogo da direita, no fundo querem mesmo é desestabilizá-la. 

A senhora está no caminho certo. Para onde? Bom, esta é outra questão. Mas o que eu gostaria mesmo é de humildemente lhe apresentar algumas sugestões para a composição dos ministérios. 

Para a pasta das Cidades o nome é o Kassab. Homem experiente, foi prefeito de São Paulo e terá a oportunidade de aplicar nacionalmente o que fez por aqui. Imagine incêndios em favelas no Brasil todo! Vamos acabar de vez com esta herança arcaica que são as favelas, Kassab já mostrou que sabe fazer. 

Tem também a política de despejo expresso, sem necessidade daquela burocracia toda de uma ordem judicial. E é claro, leva com ele uma equipe íntegra e competente. Talvez o Aref como secretário-executivo, que tal? 

Nos direitos humanos não há muito o que discutir. É Bolsonaro na certa. Um homem que pauta com coragem grandes temas tabus como a tortura, o direito ao aborto, a maioridade penal e o papel dos militares na sociedade. Cabeça arejada e capacidade de dialogar com todos os setores sociais. Ele e a Kátia poderiam ser os novos interlocutores do movimento popular no governo. 

Nas Comunicações sugiro o Fabio Barbosa, da Veja. Já mostrou ser um tipo criativo. Sua capacidade de criar fatos e transformá-los em manchetes está mais do que demonstrada. 

Imagine isso tudo a serviço de seu governo! Os blogueiros radicais, que defendem democratização da mídia, podem não gostar. Mas paciência, nem Jesus agradou a todos. Afinal, a senhora poderá argumentar que a alternância no poder é necessária. A Globo já teve três ministros, agora é a vez da Veja

Para a Cultura eu tenho dúvidas. A Marta saiu com aquela cartinha mal-educada, querendo fazer média com o mercado. Convenhamos, a senhora foi muito mais esperta. Ao invés de fazer média com o mercado, trouxe ele para dentro do governo. Deixou a Marta falando sozinha. É preciso resgatar a credibilidade do ministério. 

Pensei primeiro no Lobão, porque ele pararia com essa história de impeachment e ainda traria o apoio da turminha dos Jardins. Se bem que esta turminha tem cada vez menos razões para lhe fazer oposição. Mas acho que ele prefere construir a carreira junto com o Aécio, não toparia. 

Talvez então o Reinaldo, homem culto e com ampla visão. Reinaldo Azevedo, sabe? Ele vive falando mal da senhora, mas acho que no fundo é tudo ressentimento. Uma ligação e ele se abre que nem uma flor. Vai por mim, até um rottweiler precisa de carinho. É isso que ele deve estar esperando há anos. 

Há quem possa achar minhas sugestões muito conservadoras. Mas estou preocupado com a governabilidade. Governabilidade é tudo, presidenta! É um fim em si, como demonstram suas escolhas e as decisões de governo nos últimos 12 anos. 

Se seguir minhas sugestões ao menos não poderão acusá-la de incoerente. Quem já convidou Levy, Kátia e Armando pode, pela mesma lógica irrefutável, convidar Bolsonaro, Fábio Barbosa e Reinaldo. Quanto ao Kassab, admito que a senhora teve a ideia antes e já anda sondando com ele. 

Cordialmente, despeço-me certo de que teremos a opinião considerada.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

O GULLIVER COMBALIDO E OS LILIPUTIANOS MAL AGRADECIDOS

A INGRATIDÃO, ESSA PANTERA, VOLTA SUA SANHA CONTRA O OSCAR SCHMIDT.

Um dos traços mais deploráveis dos brasileiros é a ingratidão, essa pantera. 

Temos poucos grandes nomes e os tratamos a pontapés depois que passa o seu apogeu. Como se muitos, invejosos de quem fez é por merecer irrestrita admiração, estivessem esperando apenas o momento certo para os apedrejar. 

E não precisam esperar muito, pois a memória é bem curta nestes tristes trópicos 

O Tiradentes, nosso maior revolucionário do passado, está quase esquecido e seu feriado é dos menos festejados. Dez vidas ele tivesse, dez vidas ele daria. Quantos disseram o mesmo neste país pachorrento, cujo povo é tão submisso face aos tiranos? 

A extrema-direita consegue impedir, com manobras jurídicas, que a família do Lamarca receba uma reparação merecidíssima; e quase ninguém se incomoda. Ele ousou lutar, foi abatido como um cão por jagunços travestidos em agentes do Estado e agora os beneficiários do seu sacrifício extremo não ousam sequer pronunciar o seu nome! 

O Plínio Marcos, cujas peças a censura impedia que fossem encenadas, era obrigado a vender textos mimeografados na porta de teatros para sobreviver. Muitos que passavam para assistir às inocuidades em cartaz se desviavam como se ele fosse pestilento.

O Garrincha, que carregou nossa seleção nas costas em 1962, morreu praticamente na sarjeta. 

Depreciam o Oscar Schmidt por uma coisa (a política) infinitesimal diante dos seus feitos como esportista. E isto lhes dá pretexto para até ignorarem suas agruras terríveis, motivo óbvio do mau momento que teve como palestrante (vide aqui). 

Não deveria fazer palestras porque já é incapaz de controlar as alterações de comportamento que o tumor cerebral às vezes lhe provoca? Mas, abdicando do pouco que lhe resta na vida que ainda lhe resta, certamente morrerá mais depressa. A frustração dos pífios (*) de Caruaru pesa mais do que a compaixão do que qualquer ser humano nos deveria inspirar (e muito mais um dos nossos poucos nomes superlativos e memoráveis na atividade que exerceu!).  

Não reverenciam como deveriam a Maria Esther Bueno, o Gustavo Kuerten, o Nelson Piquet, o Emerson Fittipaldi, etc. 

O Eder Jofre disse tudo: "Se alguém quer me homenagear, que o faça agora, porque depois de morto não adianta nada". 

Como o Raul Seixas, que se ressentia muito do abandono por parte dos fãs quando o conheci, em 1980. Só após sua morte foi que o redescobriram. 

E é por ter falecido que o Ayrton Senna continua sendo tão cultuado; se estivesse vivo, enxergariam nele tantos defeitos quanto no Pelé ou no Oscar. 

Quando o mão santa morrer, talvez finalmente nos lembremos de como ele foi grande um dia... 

Faço restrições aos estadunidenses por muitos e bons motivos, mas nisto eles são bem melhores do que nós: sentem gratidão por seus ídolos e lhes dão todo reconhecimento. 

Só sobre o Muhammad Ali já vi ou tomei conhecimento da existência de uns 20 filmes. Sua carreira terminou em 1981, hoje é uma sombra do que foi, mas vive rodeado de enorme carinho, respeito e admiração. Como é o correto.

Por aqui, estaria esquecido e só se falaria dele quando surgisse oportunidade para o agredir covardemente, como acaba de fazer uma malta de linchadores virtuais. 

* é absoluta má fé me acusarem de desprezo pela cultura popular nordestina, pois nunca o tive. Inclusive, respeito e aprecio o trabalho da Banda de Pífanos de Caruaru. O que detestei foi a postura de alguns mimadinhos pífios de Caruaru. E isto está bem claro no meu texto anterior.

A BANDA DE PÍFIOS DE CARUARU E A LENDA VIVA OSCAR SCHMIDT

Oscar Schmidt é, simplesmente, o melhor jogador do basquete mundial em todos os tempos, o recordista absoluto de pontuação (49.703 pontos), o jogador de bola-ao-cesto que mais participou de Olimpíadas (5) e o que nelas mais pontos marcou (1.093). 

E mais: o atleta que lavou a alma de todos nós, brasileiros, nos Jogos Panamericanos de Indianápolis, EUA, em 1987. 

Os estadunidenses se julgavam senhores absolutos do basquete e não levavam a sério o adversário da finalíssima: nós. Tanto que uma jogadora da equipe feminina, depois de sagrar-se campeã no jogo inicial, pendurou sua medalha no pescoço do namorado, integrante da seleção masculina. Sem maldade; é que a vitória era dada como favas contadas, a ponto de ela nem sequer perceber quão arrogante e anti-esportivo havia sido seu gesto.

No primeiro tempo, eles chegaram a colocar 20 pontos na nossa frente, mas foram para o intervalo com uma vantagem um pouco menor: 14.

Oscar voltou do vestiário com incrível disposição, empolgando os companheiros. E passou a ter um aproveitamento fantástico nos arremessos de fora do garrafão. Fez jus ao apelido de mão santa.

Os estadunidenses, até então, não davam muita importância à novidade de os arremates de longe terem passado a valer três pontos, ao invés de dois. Estavam acostumados a articular tão bem suas jogadas que acabavam quase sempre finalizando de perto -e convertendo. Para que arriscar de longe, com risco bem maior de errar?

A incrível derrota diante do Brasil, por 120 x 115, os fez reconsiderar este conceito. Por obra e graça do Oscar, o brasileiro que deu uma aula de basquete na terra dos Harlem Globetrotters.

Como extraordinário esportista e como homem exemplar, ele fez por merecer nosso irrestrito respeito e a nossa mais humilde gratidão. 

Assim não pensaram, no entanto, alguns alunos de uma faculdade particular do Agreste de Pernambuco, que abriram o maior berreiro virtual por causa dos maus modos do jogador ao ministrar uma palestra. Como se seus egos chamuscados fossem tudo que importasse e uma trajetória grandiosa tivesse passado a significar nada.

Sentirão vergonha de sua pequenez, ao saberem agora o verdadeiro motivo do comportamento de Oscar? Duvido. A única imagem que importa para os mimadinhos da vida é aquela que eles veem no espelho.

Eis o outro lado da história, apresentado pelo jornalista esportivo Milton Neves:

"Sim, ele foi mal em Caruaru, decepcionando os pernambucanos.

Mas não foi de caso pensado.

Quem não sabe, graças a Deus, o que é ter um tumor maligno no cérebro, que atire tantas pedras neste bom homem, hoje atormentado e talvez condenado.

Meu saudoso avô materno, Luis Carlos Fernandes, ferroviário da Mogiana em Muzambinho-MG, morreu no Rio não resistindo a uma operação para retirada de tumor no cérebro.

Era um homem doce, mas se transformava com terríveis dores de cabeça.

Tanto que atirou um paralelepípedo em um galo do Sítio Invernada só porque o dono do terreiro cantou bem alto perto dele, um homem doente, com o fatal tumor na cabeça.

Calma com o Oscar, gente, o gigante nasceu no Rio Grande do Norte para ajudar o Brasil inteiro.

E como nos deu alegrias, hein?

Mas, hoje, ele não é mais dono de si ou de seus desatinos.

E nem de seu destino".

Obs.: o nome do ótimo conjunto de música instrumental da cidade é, claro, Banda de Pífanos de Caruaru. Mas, foram mesmo pífios os que se mostraram tão alheios e indiferentes à via crucis do Oscar.

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