Fui ativista estudantil (1967/68). Militante clandestino (1969/70). Preso político (1970/71). Tenho travado o bom combate, lutando por um Brasil mais justo, defendendo os direitos humanos, combatendo o autoritarismo.

Sou jornalista desde 1972. Crítico de música e de cinema. Cronista. Poeta. Escritor. Blogueiro.

Tentei e não consegui eleger-me vereador em São Paulo. Mas, orgulho-me de ter feito uma campanha fiel aos objetivos nortearam toda a minha vida adulta: a construção de uma sociedade igualitária e livre, tendo como prioridades máximas o bem comum e a felicidade dos seres humanos.

Em que a exploração do homem pelo homem seja substituída pela cooperação solidária do homem com os outros homens. Em que sejam finalmente concretizados os ideais mais generosos e nobres que a humanidade vem acalentando através dos tempos: justiça social e liberdade.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

MEU NOME É ALEXANDRE. MAS, PODE ME CHAMAR DE CRISTIANO.

O pior de tudo são as facadas nas costas
Em 1950, os três principais candidatos à Presidência da República eram Getúlio Vargas (PTB), ex-ditador de inspiração nazifascista que a mão oculta dos EUA contribuíra para expelir do poder ao fim da II Guerra Mundial, daí ter assumido o nacionalismo como seu novo figurino político, com o apoio oportunista do PCB (convenientemente esquecido de que fora a principal vítima da bestialidade de Filinto Müller e sua polícia política); o brigadeiro Eduardo Gomes, que conferia alguma respeitabilidade ao moralismo rançoso da UDN por ser, pessoalmente, um homem íntegro; e Cristiano Machado (PSD), deputado mineiro em duas Constituintes.

Percebendo que as chances de Cristiano eram ínfimas, muitos líderes do PSD mantiveram seu apoio formal a ele, mas, por baixo do pano, favoreceram descaradamente a candidatura de Vargas. Foi como se originou o uso da palavra cristianização para, no jargão político, designar candidatos traídos pelos próprios partidos na campanha eleitoral.

O mais novo exemplar desta fauna é o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, com quem o PT (leia-se Lula) contava para, finalmente, enxotar os tucanos do Palácio dos Bandeirantes, no qual estão empoleirados há duas décadas.

Mas, ao constatar que a candidatura de Padilha dificilmente decolaria, o partido oPTou (lembram-se dos adesivos? Bons tempos...) por sua cristianização, igualmente descarada.

Qualquer semelhança...
Primeiramente, estimulou a decisão do PSD de Gilberto Kassab, de trair Alckmin e apoiar o peemedebista Paulo Skaf; e do PP de Paulo Maluf, de renegar a aliança já firmada com Padilha, pulando para o galho do Skaf.

O tiro de misericórdia veio com a entrevista do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, à Rede Brasil Atual, cuja íntegra pode ser acessada aqui

Berzoini simplesmente informa que o PT adotará uma posição de neutralidade em relação às duas candidaturas, a própria e a peemedebista, evitando indispor-se com a segunda, pois (admite, mais uma vez descaradamente) pretende apoiá-la no 2º turno. Leiam e constatem:
"Onde há mais de um [candidato da base governista], nós temos que definir como nós vamos nos relacionar sem atrapalhar as campanhas de cada um (...). Em São Paulo, não haverá uma escolha, haverá o reconhecimento de que nós temos duas candidaturas fortes. (...) Hoje, uma delas se apresenta com mais intenção de votos (...), mas nós acreditamos que isso é muito dinâmico e não necessariamente se manterá assim. Vamos trabalhar tanto a relação com a campanha do Skaf quanto com a campanha do Padilha.
Não ter conflito é o desejo. Isso se constrói. (...) No primeiro [turno], cada um tem de buscar todas as positividades possíveis. No segundo, dependendo de quem for, se estabelece o contraditório. Então não há razão a priori para ficar Skaf procurando problema com o Padilha e o Padilha com o Skaf"
Berzoini: "Nós temos duas candidaturas fortes".
Ou seja, o candidato da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, além de ser mais rico (seu patrimônio pessoal declarado cresceu 60% desde a última eleição, estando hoje na casa de R$ 17,7 milhões), mais simpático aos ricos, mais charmoso e melhor situado nas pesquisas eleitorais, contará com a neutralidade do partido que detém o poder federal e com a certeza de que o candidato do dito cujo evitará bater pesado nele, pois a ordem para o Padilha é não ficar "procurando problema (...) com o Skaf".

O que lhe restará, como trunfo para tentar virar este jogo de cartas marcadas? Apenas o programa Mais Médicos (que é polêmico em demasia para ser trombeteado ad nauseam em campanha, havendo risco de, sob contra-ataque dos adversários, tornar-se um tiro no pé). Pois, quase desconhecido, Padilha é samba de uma nota só.

Nos bons tempos, o PT só vinha aqui para protestar.
Poderia, certamente, unir os eleitores petistas em torno de si lembrando que o partido nasceu das refregas com a Fiesp e que Skaf é um inimigo de classe por excelência. Só mesmo na geleia geral brasileira os ditos defensores dos trabalhadores se mancomunam descaradamente (o termo é novamente obrigatório...) com os baluartes do patronato.

Mas, se as mãos do cristianizado Padilha estarão atadas pela política de não-agressão ordenada por Berzoini, que chances ainda lhe restam? Nenhuma. Seria melhor desistir de uma vez, dando ao PT liberdade para celebrar desde já o pacto mefistofélico com o grande capital, se este é seu desejo.

Sartre dizia que fazer política é enfiar a mão no sangue e na m... Finda a ditadura, sobrou a segunda, cada vez mais abundante, pois o descaramento não tem limite. 

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