Fui ativista estudantil (1967/68). Militante clandestino (1969/70). Preso político (1970/71). Tenho travado o bom combate, lutando por um Brasil mais justo, defendendo os direitos humanos, combatendo o autoritarismo.

Sou jornalista desde 1972. Crítico de música e de cinema. Cronista. Poeta. Escritor. Blogueiro.

Tentei e não consegui eleger-me vereador em São Paulo. Mas, orgulho-me de ter feito uma campanha fiel aos objetivos nortearam toda a minha vida adulta: a construção de uma sociedade igualitária e livre, tendo como prioridades máximas o bem comum e a felicidade dos seres humanos.

Em que a exploração do homem pelo homem seja substituída pela cooperação solidária do homem com os outros homens. Em que sejam finalmente concretizados os ideais mais generosos e nobres que a humanidade vem acalentando através dos tempos: justiça social e liberdade.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

REVOLUCIONÁRIO PODE ACEITAR QUE O COLOQUEM NA VALA COMUM DOS QUE NÃO MERECEM CONFIANÇA?

Consiga ou não eleger-me, a minha campanha deixará o legado de ter colocado em xeque os valores e procedimentos adotados pelos candidatos durante a temporada de caça aos votos, ajudando a definir parâmetros políticos e éticos para as candidaturas progressistas.

Dois dos principais: 
  • defendo que nos vejamos, acima de tudo, como integrantes da esquerda anticapitalista, e não de tal ou qual partido (nossos ideais comuns, que remontam a Marx e Proudhon, estão infinitamente acima da mentalidade clubística); 
  • e que nos apresentemos francamente ao eleitorado como REVOLUCIONÁRIOS que tudo faremos para minorar o sofrimento dos cidadãos sob o capitalismo, mas deixando claro que as soluções reais e as conquistas definitivas só virão com uma transformação maior da sociedade.
Candidaturas e mandatos nos servem, TATICAMENTE, para a acumulação de forças. Não temos o direito moral de igualarmo-nos aos farsantes que prometem mundos e fundos para elegerem-se, como se medidas circunstanciais fossem sanar mazelas estruturais.

O capitalismo está podre até a medula e é o obstáculo primordial à felicidade dos homens. Não será no Executivo e no Legislativo atuais que desataremos esse nó, embora tenhamos a obrigação de honrar nossos mandatos, bem representando e defendendo incansavelmente os trabalhadores, os excluídos, os injustiçados, os humilhados e ofendidos.

Afora estas grandes coordenadas, que nada mais são do que a recolocação de valores assumidos por boa parte da esquerda no tempo em que eu iniciava minha jornada, há as lições que estou extraindo desta campanha.

Nos últimos dias, p. ex., recebi a mensagem de que o movimento Ciclocidade exige que imprimamos, assinemos e lhe enviemos pelo correio um termo de comprometimento com suas metas, como condição para figurarmos na lista de apoiadores e nossas candidaturas serem por ele divulgadas.

Tenho tudo a ver, claro, com as propostas de priorização do transporte alternativo e de restrição do uso egoísta do espaço público. E minha posição já foi publicamente exposta em artigos como este, este e este.

Mas, minha história de vida é a de quem jamais trilhou os caminhos convenientes, sempre preferindo os da consciência. Não será aos 61  anos que vou transigir com imposições desse tipo.

Candidatos do sistema assinam às dúzias tais compromissos e depois dizem que não passavam de um  papelzinho  sem importância --está aí o Serra, que não me deixa mentir.

Como revolucionário, recuso-me a ser colocado nessa vala comum e a concordar com qualquer um que me veja como merecedor da  desconfiança organizada  dos cidadãos.

Também me causa total repugnância a idéia de toma-lá-divulgação-dá-cá-assinatura implícita nesse procedimento. Não faço trocas, defendo ideais. E quem já correu risco de vida e de destruição física/psicológica para os defender merece RESPEITO.

Mas, cansado das querelas sem fim a que os homens de princípio somos arrastados nestes melancólicos tempos presentes, tentei ser flexível na minha resposta.

Primeiramente, como é obrigatório, fixei minha posição: "...considero inadequada a assinatura compulsória de um termo de compromisso. Sou do tempo em que a palavra de um homem valia alguma coisa. E tenho uma história de vida que deve, ou deveria, inspirar credibilidade".

Eis um candidato muito bom p/
assinar termos de compromisso
Depois, deixei uma saída honrosa para ambas as partes: "...peço que me coloquem na lista dos apoiadores independentemente dessa formalidade. Como faço minha campanha sozinho e sou idoso, reivindico alguma compreensão. Já nem me lembro mais da última vez que enfreitei fila de agência de correio".

Ou seja, poderiam, se quisessem, abrir mão da exigência por eu ser idoso e não por concordarem comigo.

Não quiseram: "...realmente temos que exigir esta mínima e simples formalidade da carta assinada e enviada pelos correios. Como ainda estamos com bastante tempo até a data final, não é necessário enfrentar fila, basta selar o envelope e depositar em uma caixa de correios".

Só me restou a via da franqueza:
"...quem é incapaz de abrir exceções a regras burocráticas é igualmente incapaz de construir uma sociedade diferente, em que as necessidades humanas e o bem comum sejam a medida de todas as coisas. Na nossa vida, só a morte é inexorável. Todo o resto podemos mudar.

Não sei se você se sentirá bem deixando de fora de sua relação de apoiadores alguém que é personagem histórico, tem uma vida inteira de lutas nas costas e é um defensor consciente (não oportunístico) de suas bandeiras.

Mas, eu não me sentiria bem curvando-me a uma imposição destas, pois sempre as recuso...

...se, por milagre, for eleito, defenderei melhor do que ninguém as ciclovias... independentemente da postura paradoxal que vocês terão adotado".
Referindo-me ao  papelão  do Serra no episódio do  papelzinho, citei recentemente um verso lapidar do Tom Zé: "Palavra de homem racha, mas não volta diferente".

Palavra de revolucionário, mais ainda.

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