Fui ativista estudantil (1967/68). Militante clandestino (1969/70). Preso político (1970/71). Tenho travado o bom combate, lutando por um Brasil mais justo, defendendo os direitos humanos, combatendo o autoritarismo.

Sou jornalista desde 1972. Crítico de música e de cinema. Cronista. Poeta. Escritor. Blogueiro.

Tentei e não consegui eleger-me vereador em São Paulo. Mas, orgulho-me de ter feito uma campanha fiel aos objetivos nortearam toda a minha vida adulta: a construção de uma sociedade igualitária e livre, tendo como prioridades máximas o bem comum e a felicidade dos seres humanos.

Em que a exploração do homem pelo homem seja substituída pela cooperação solidária do homem com os outros homens. Em que sejam finalmente concretizados os ideais mais generosos e nobres que a humanidade vem acalentando através dos tempos: justiça social e liberdade.

terça-feira, 17 de julho de 2012

COERÊNCIA GANHA ELEIÇÃO?

Ao redigir o texto de lançamento da minha campanha na internet, não me veio fácil um título apropriado. À falta de idéia melhor, resolvi fazer blague com um filmezinho chinfrim (Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída), brincando com os paradoxos.

O principal é o de que minhas aptidões não parecem ser as de um vereador. Aliás, antes do advento da internet, eu nem tentaria uma empreitada destas, por sabê-la destinada inexoravelmente ao fracasso.

Hoje, contudo, há uma chance de que os apreciadores das minhas lutas e meus textos deem a força necessária para eu, assumido azarão, ganhar o páreo.

Nunca levei jeito para dar tapinhas nas costas, jogar conversa fora e comer coxinhas engorduradas, como fazem os candidatos em campanha. Nem tento, pois as pessoas captam a insinceridade e, entre discreto e hipócrita, prefiro ficar com a primeira imagem.

Minha formação de esquerda também me impede de fazer promessas demagógicas, vendendo o que não tenho certeza de poder entregar.

O barbeiro do bairro, torcedor da Portuguesa e músico nas horas vagas, me cobra sempre: "Apresente projetos. É com eles que se ganha eleição!". 

É bem possível que, comprometendo-me a viabilizar meia dúzia de pontes, viadutos, creches, instalações de iluminação pública e que tais, os necessitados de tais obras me elegessem. Mas, e depois?

Eu e a empolgada rapaziada do PSOL faremos tudo que pudermos para eleger o Giannazi, mas seria ridículo negar que o favoritimo é dos que contam com poderosas máquinas políticas e as utilizarão intensamente em benefício dos seus candidatos (Serra e Haddad), no pior figurino clientelista.

Se as circunstâncias ajudarem e os adversários errarem muito --como o Lula errou ao confraternizar impudicamente com o Maluf--, podemos, sim, surpreender.

Mas, nem de longe dá para termos hoje a certeza de fazer o prefeito e contar com a maior bancada. 

Então, promessas de obras públicas, no meu caso, beirariam o estelionato eleitoral. Se a Prefeitura couber ao tucano, é praticamente certo que os investimentos continuarão sendo escolhidos a dedo para levantarem a bola da bancada situacionista. E nada indica que o petista não opte também por favorecer os seus.

Evidentemente, como vereador de uma provável bancada minoritária de esquerda, eu proporia obras realmente necessárias para a comunidade, empenhando-me ao máximo por sua aprovação (desde que isto não implicasse nenhum toma-lá-dá-cá indigno). 

Mas, daí a utilizar estas possibilidades, por enquanto remotas, como chamarizes eleitorais, iria uma grande diferença.

O clientelismo é uma praga. Coloca os humildes na dependência dos favores dos poderosos, servindo para manter o status quo, jamais para o revolucionar.

Lamento que antigos companheiros de ideais, antes inimigos figadais do status quo, agora considerem interessante a sua perpetuação e incidam desavergonhadamente em práticas clientelistas. Quem te viu, quem te vê...

Eu seguirei meu caminho, prometendo apenas coerência e combatividade na defesa dos explorados, excluídos, injustiçados e prejudicados pelo capitalismo. 

Se isto for suficiente para minha eleição, ótimo. Caso contrário, lutarei em outras frentes. Mas nunca me tornarei um mercador de ilusões.

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