Fui ativista estudantil (1967/68). Militante clandestino (1969/70). Preso político (1970/71). Tenho travado o bom combate, lutando por um Brasil mais justo, defendendo os direitos humanos, combatendo o autoritarismo.

Sou jornalista desde 1972. Crítico de música e de cinema. Cronista. Poeta. Escritor. Blogueiro.

Tentei e não consegui eleger-me vereador em São Paulo. Mas, orgulho-me de ter feito uma campanha fiel aos objetivos nortearam toda a minha vida adulta: a construção de uma sociedade igualitária e livre, tendo como prioridades máximas o bem comum e a felicidade dos seres humanos.

Em que a exploração do homem pelo homem seja substituída pela cooperação solidária do homem com os outros homens. Em que sejam finalmente concretizados os ideais mais generosos e nobres que a humanidade vem acalentando através dos tempos: justiça social e liberdade.

terça-feira, 24 de julho de 2012

JÁ TENHO UM BORDÃO: "VAMOS BOTAR A PM NO MUSEU DA DITADURA!"

De candidatos a vereador espera-se que tenham um pacote de propostas para exibir, contemplando contingentes expressivos de eleitores. Vote em mim e você terá sua creche, ou CEU, ou poste de iluminação, ou...

Se perdem a eleição, as propostas vão pro lixo.

Quando ganham, a possibilidade de cumprir o prometido é, no mínimo, remota. Depende das disponibilidades orçamentárias, da influência que seu partido detenha  y otras cositas más...

Respondendo a um questionário da Folha de S. Paulo, fui obrigado a entrar nessa rinha inglória. Escrevi que: 
  • eu me esforçarei ao máximo para forçar a cobrança da imensa dívida que grandes capitalistas têm com o município (aqueles calotes que, se depender do empenho dos tucanos, virarão o século); e 
  • apresentarei um projeto proibindo homenagens a pessoas envolvidas com ditaduras e/ou atos hediondos, em tudo que depender da administração paulistana.
É óbvio que poderia fazer melhor do que isto, se pretendesse cortejar votos clientelistas. Não é o caso. Ao invés de prometer mundos e fundos para me eleger, ofereço a garantia de que defenderei os interesses dos explorados e dos injustiçados, esforçando-me, ao mesmo tempo, para ser uma pedra bem incômoda no sapato dos poderosos.

Se for suficiente, ótimo. Caso contrário, azar meu. O certo é que vocês não me verão escorregando de skates durante a campanha.

Mas, lendo o artigo do filósofo Vladimir Safatle, Pela extinção da PM, dei-me conta de que, quando a PM paulista executou cidadãos honestos na semana passada, a ficha não me caiu e deixei de relacionar as matanças à recente recomendação da ONU, no sentido de que o Brasil elimine mais este entulho autoritário. 

Lapso imperdoável, pois eu havia sido o primeiro a concordar entusiasticamente com tal proposta, conforme se pode constatar no meu artigo de 04/06/2012, Da ONU para o Brasil: extingam as PM's!!! (ver aqui).

Então eu tenho, sim, uma bandeira impactante para levantar, pouco importando que se trate de um assunto de competência do Estado e não do município. Vale até o dia em que for concretizada e eu a defenderei em qualquer circunstância e cargo que ocupe.

Vou ser o avesso do Paulo Maluf: enquanto ele tinha como bordão  vou botar a Rota na rua!, o meu é vamos botar a PM no museu da ditadura! Quiçá na mesma prateleira do Doi-Codi...

Eis o artigo do Safatle, que, claro, aprovo e recomendo:
 "No final do mês de maio, o Conselho de Direitos Humanos da ONU sugeriu a pura e simples extinção da Polícia Militar no Brasil. Para vários membros do conselho (como Dinamarca, Espanha e Coreia do Sul), estava claro que a própria existência de uma polícia militar era uma aberração só explicável pela dificuldade crônica do Brasil de livrar-se das amarras institucionais produzidas pela ditadura.
No resto do mundo, uma polícia militar é, normalmente, a corporação que exerce a função de polícia no interior das Forças Armadas. Nesse sentido, seu espaço de ação costuma restringir-se às instalações militares, aos prédios públicos e aos seus membros.

Apenas em situações de guerra e exceção, a Polícia Militar pode ampliar o escopo de sua atuação para fora dos quartéis e da segurança de prédios públicos.

No Brasil, principalmente depois da ditadura militar, a Polícia Militar paulatinamente consolidou sua posição de responsável pela completa extensão do policiamento urbano. Com isso, as portas estavam abertas para impor, à política de segurança interna, uma lógica militar.

Assim, quando a sociedade acorda periodicamente e se descobre vítima de violência da polícia em ações de mediação de conflitos sociais (como em Pinheirinho, na cracolândia ou na USP) e em ações triviais de policiamento, de nada adianta pedir melhor 'formação' da Polícia Militar.

Dentro da lógica militar, as ações são plenamente justificadas. O único detalhe é que a população não equivale a um inimigo externo.
Isto talvez explique por que, segundo pesquisa divulgada pelo Ipea, 62% dos entrevistados afirmaram não confiar ou confiar pouco na Polícia Militar. Da mesma forma, 51,5% dos entrevistados afirmaram que as abordagens de PMs são desrespeitosas e inadequadas.
Como se não bastasse, essa Folha mostrou no domingo que, em cinco anos, a Polícia Militar de São Paulo matou nove vezes mais do que toda a polícia norte-americana ('PM de SP mata mais que a polícia dos EUA', 'Cotidiano').
Ou seja, temos uma polícia que mata de maneira assustadora, que age de maneira truculenta e, mesmo assim (ou melhor, por isso mesmo), não é capaz de dar sensação de segurança à maioria da população.

É fato que há aqueles que não querem ouvir falar de extinção da PM por acreditar que a insegurança social pode ser diminuída com manifestações teatrais de força.

São pessoas que não se sentem tocadas com o fato de nossa polícia torturar mais do que se torturava na ditadura militar. Tais pessoas continuarão a aplaudir todas as vezes em que a polícia brandir histericamente seu porrete. Até o dia em que o porrete acertar seus filhos".

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