Fui ativista estudantil (1967/68). Militante clandestino (1969/70). Preso político (1970/71). Tenho travado o bom combate, lutando por um Brasil mais justo, defendendo os direitos humanos, combatendo o autoritarismo.

Sou jornalista desde 1972. Crítico de música e de cinema. Cronista. Poeta. Escritor. Blogueiro.

Tentei e não consegui eleger-me vereador em São Paulo. Mas, orgulho-me de ter feito uma campanha fiel aos objetivos nortearam toda a minha vida adulta: a construção de uma sociedade igualitária e livre, tendo como prioridades máximas o bem comum e a felicidade dos seres humanos.

Em que a exploração do homem pelo homem seja substituída pela cooperação solidária do homem com os outros homens. Em que sejam finalmente concretizados os ideais mais generosos e nobres que a humanidade vem acalentando através dos tempos: justiça social e liberdade.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

MINHA CAMPANHA COMEÇA EM RITMO ROQUEIRO...

...mas, sendo eu um ex-crítico de rock, não se trata de uma forçação de barra como a dos candidatos a prefeito de São Paulo que se fantasiaram de ciclistas no último sábado, fazendo pose para os cinegrafistas e fotógrafos que os assessores de imprensa ciosamente arregimentaram.

Foi muito engraçado ver o José Serra pedalando, como se isto lhe desse ares de correção política, e também de juvenilidade.

E isto foi só quatro dias depois do tucano empoleirado no Palácio dos Bandeirantes ter saído muito mal na foto com a publicação, logo na capa do Diário Oficial do Estado, de uma reportagem fazendo puro terrorismo contra a utilização de bibicletas no trânsito de São Paulo (vide aqui).

O Governo Alckmin deu a perceber  eeennnooorrrmmmeee  preocupação... não com a vida e a integridade física dos ciclistas expostos a politraumatismos (como enfatiza o texto alarmista), mas com a despesa de R$ 3,25 milhões que tais acidentes geraram para o SUS paulista.

Como a repercussão da matéria foi péssima, a encenação midiática do Serra pode ter sido uma forma de marcar distância da obtusidade ambiental do seu maior aliado; afinal, todos sabem que eles são aves que não se bicam.

O outro provável objetivo, projetar uma imagem mais dinâmica, tem tudo a ver com o fato de Serra haver abafado o quanto pôde a singela informação de que, no último dia 19 de março, ele se tornou septuagenário. Teme que os eleitores o julguem velho demais para prefeito...

Too old to rock'n roll: too young to die! (velho demais para o rock'n roll, jovem demais para morrer!) é, por sinal, a faixa-título do álbum de 1976 do superlativo conjunto de rock britânico Jethro Tull, liderado pelo flautista Ian Anderson.

Era uma das minhas bandas prediletas quando, com o pseudônimo de André Mauro, editava revistas como a Rock Stars, Rock Show e Rock Passion, na distante década de 1980.

Então, aproveito a deixa para entrar no meu assunto principal.

Numa noite destas, o frio paulistano me deixou febril e com calafrios; nem debaixo dos cobertores conseguia me esquentar.

Tais situações sempre me trazem à lembrança os pobres sem-tetos que perambulam pela cidade e, por extensão, os versos terríveis de um dos maiores sucessos do Jethro Tull, "Acqualung", sobre um velho mendigo que, no gélido inverno londrino, mal consegue respirar e emite sons estertóreos como os de um escafandrista:
"Você ainda se lembra
da geada nebulosa de dezembro,
quando o gelo que se
agarra na sua barba
grita de agonia
e você apanha seus últimos suspiros,
arquejando com sons
de mergulhador no fundo do mar?"
A imagem evocada por esta música sempre me impressionou --ainda mais após ter lido que os desabrigados às vezes tentam espantar o frio com cachaça, o que lhes proporciona um momentâneo alívio mas, queimando suas calorias e levando-os a dormirem, acaba fazendo com que morram congelados.

Já morei bem próximo de um vão de viaduto no qual entidades filantrópicas distribuíam alimentos aos sem-teto, que acabavam permanecendo por lá. Via-os da minha janela no 2º andar, matando-se aos poucos com seus cachimbos de crack, copulando, defecando, vez por outra hostilizando transeuntes.

Eram detestados pelos moradores. Ouvi um comerciante jurar que, se ganhasse na loteria, encheria um caminhão com mantimentos para os distribuir bem na calçada da casa do cardeal, atraindo os mendigos para lá...

A mim me incomodava --e muito!-- ver seres humanos em tal estado de penúria, embrutecimento e degradação. Doía-me não ter meios e poderes para lhes dar uma ajuda real; filantropia nada resolve.

Devem ser encarados como doentes, que não podem mais cuidarem de si mesmos. Têm de ser tratados. Têm de recuperar sua dignidade e auto-estima.

A blitzkrieg que o governador Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab desfecharam na cracolândia, em janeiro último, foi um exemplo gritante do que como uma autoridade não deve proceder. Não havia sequer abrigos para os acolher. Foram truculentamente escorraçados para atender aos interesses da especulação imobiliária e ficaram vagando como zumbis pela cidade. 

Cruzei com alguns deles e fiquei com tanta raiva que, se o Kassab estivesse ali, eu teria muita dificuldade para me conter. Gente assim, DESUMANA AO EXTREMO, despachava os judeus para os fornos crematórios!

Bem ao contrário do que relatou Enrique Peñalosa, ex-prefeito CIVILIZADO da capital colombiana (ver sua entrevista aqui):
"Em Bogotá, acabamos com uma zona que era cem vezes pior que a cracolândia, onde havia alto consumo de drogas e os piores índices de violência do planeta. Ficava a dois quarteirões do Palácio do Governo. Desapropriamos uma área de 23 hectares, demolimos mais de 600 construções e fizemos um parque. Junto, tivemos um amplo trabalho de reabilitação. Chegamos a ter mais de mil pessoas que eram moradores de rua e que foram reabilitadas e contratadas pela prefeitura".
Então, se a moeda cair em pé e eu me tornar vereador paulistano, vou priorizar e fazer tudo que puder para salvar os nossos  acqualungs, espelhando-me em Peñalosa e nunca, jamais, na dupla sinistra Alckmin-Kassab!
Obs.: para assistir ao vídeo legendado de "Acqualung", acesse http://youtu.be/LCfEk9tl0Bs

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