Enquanto
a campanha eleitoral não esquenta, o que deverá ocorrer a partir do
início do horário gratuito em rádio e TV, venho postando aqui alguns dos
meus textos mais emblemáticos --aqueles que, para além do episódio
específico que os gerou, definem meus valores e visão de mundo.
Não
pretendo conquistar eleitores prometendo projetos que o vereador de uma
banca minoritária (o PSOL desta vez conseguirá uma representação na
Câmara, com certeza, mas só por milagre vai ser uma suficiente para
garantir-lhe maioria...) não consegue viabilizar por si só, ficando na
dependência de composições com outras forças --e eu, por convicções e
princípios, jamais entrarei nos toma-lá-dá-cá espúrios da politicalha.
Então,
o meu perfil é o que se ressalta nesses textos sobre os ideais que me
inspiram, as missões que assumo, os mitos que cultuo, os exemplos que
sigo. E meu compromisso é honrá-los em cada atitude e em cada palavra,
ao longo do meu eventual mandato. Creio ser muito, muitíssimo mais do
que a maioria promete...
E creio também já ter dado demonstração de que consigo ser, como poucos, a mosca na sopa ou a pedra no sapato dos poderosos:
- ajudando a salvar Battisti dos inquisidores de dois continentes;
- obrigando a grande mídia várias vezes a retratar-se ou a abrir espaço (que não queria conceder) para o outro lado;
- dando o nome a certos bois que até abrem processos contra quem os designa como tais;
- forçando o Governo paulista a fazer a PM desistir de seu culto explícito à ditadura militar (o implícito, infelizmente, perdura, como se constatou nas duas últimas execuções maquiladas em resistência à prisão que chocaram o País inteiro).
Adiante,
se receber doações eleitorais, produzirei folhetos caseiros para os
distribuir eu mesmo (junto com quem porventura queira dividir a tarefa
comigo). Caso contrário, farei campanha só na internet.
Mas,
passando por dificuldades financeiras neste bizarro país em que
mandados de segurança levam cinco ano e meio inconclusos, não tirarei um
centavo do orçamento familiar para colocar na campanha. Meus
dependentes vêm sempre em primeiro lugar.
O MENSALÃO
Sobre o grande assunto do momento para a mídia, o julgamento do mensalão, já me manifestei no artigo apropriadamente intitulado Pra não dizer que não falei do mensalão, que está no meu blogue de assuntos gerais, o Náufrago da Utopia (ver aqui).
Eis o cerne da questão:
"O grande erro do PT foi o de, traindo seus compromissos e sua história, haver incidido nas práticas que antes execrava: comprou o apoio de parlamentares fisiológicos com recursos públicos, pois acreditou que só assim conseguiria ter seus projetos mais importantes aprovados no verdadeiro balcão de trocas em que se transformou o Congresso.
A queda dos anjos provocou orgasmos de júbilo naqueles que sempre foram demônios.Quem conhece os valores da esquerda da minha geração (a de 1968) sabe que sempre nos vimos como aprendizes do homem novo, que estaríamos sendo julgados a cada momento pelo cidadão comum: este acreditaria ou não em nossos ideais, em grande parte, pela imagem que deles déssemos como pessoas. Vai daí que procurávamos, a todo custo, corresponder a tudo aquilo que professávamos.
Então, tendo vindo à tona o mensalão, a apuração dessas práticas corriqueiras da política crapulosa foi feita, desta vez, com empenho obsessivo, inaudito; nunca havia sido colocada tamanha profusão de holofotes sobre os muitos esquemas IDÊNTICOS denunciados, só que referentes aos partidos mais à direita.
Então, no que diz respeito a este processo em particular, a condenação procederá.
Mas, vai implicar o estupro de um princípio fundamental das democracias: a igualdade de todos perante a lei.
Pois, pelos mesmíssimos motivos, todos os outros partidos que presidiram o Brasil desde a redemocratização deveriam ser também condenados".
Não mudei. Tanto que, embora não seja religioso, cito amiúde o “que a vossa palavra seja sim, sim, não, não, pois o que passar disso será de procedência malígna”, do São Mateus (5:37).
Aliás, permanecendo no campo místico, considero-me uma pessoa imune a tentações do tipo daquelas a que muitos políticos sucumbem: passei a vida contentando-me em obter apenas as quantias de que realmente necessitava. Em vez de fazer horas extras ou pegar frilas para fazer pé-de-meia, optei por viver a vida e travar minhas lutas.
Até porque sabia ser capaz de sobreviver com bem pouco, devido à minha vivência nas comunidades alternativas dos anos 70. Durante a terrível crise financeira pela qual passei em 2004/5, p. ex., ainda era capaz de caminhar mais de 20 quilômetros por não ter com que pagar ônibus.
O que bagunçou meus esquemas mentais foi a necessidade que senti, ao completar 50 anos, de realizar um velho sonho que deixara pra trás: o de ser pai biológico, e não apenas adotivo. A responsabilidade então assumida com as duas filhas que acabei tendo passou a preponderar sobre todo o mais.
O que não me torna suscetível de ser corrompido como vereador: os vencimentos normais dos representantes do povo na Câmara (quantos realmente o são?) me parecem astronômicos; nem saberia como os gastar, de tanto que excedem minhas necessidades e as dos meus familiares.
Sou revolucionário. Para mim, não há dinheiro no mundo que valha a imagem que deixarei na História e o exemplo que legarei aos que virão depois de mim.
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