Fui ativista estudantil (1967/68). Militante clandestino (1969/70). Preso político (1970/71). Tenho travado o bom combate, lutando por um Brasil mais justo, defendendo os direitos humanos, combatendo o autoritarismo.

Sou jornalista desde 1972. Crítico de música e de cinema. Cronista. Poeta. Escritor. Blogueiro.

Tentei e não consegui eleger-me vereador em São Paulo. Mas, orgulho-me de ter feito uma campanha fiel aos objetivos nortearam toda a minha vida adulta: a construção de uma sociedade igualitária e livre, tendo como prioridades máximas o bem comum e a felicidade dos seres humanos.

Em que a exploração do homem pelo homem seja substituída pela cooperação solidária do homem com os outros homens. Em que sejam finalmente concretizados os ideais mais generosos e nobres que a humanidade vem acalentando através dos tempos: justiça social e liberdade.

domingo, 26 de agosto de 2012

O QUE EU FAÇO NO MEIO DESTA ELEIÇÃO?

Apesar de existirem milhares de filmes que podemos baixar na internet, ainda não consegui colar no meu álbum algumas  figurinhas carimbadas. Pacientemente, torno a procurá-las de tempos em tempos, apostando em que algum internauta as acabará disponibilizando para download.

Caso de uma western humorístico que vi há quatro décadas, O que eu faço no meio desta revolução?, dirigido por um mestre do bangue-bangue à italiana (Sergio Corbucci) e protagonizado pelo extraordinário Vittorio Gassman. Como ninguém postou legendas, de nada me adianta o torrent do filme, pois não entendo de ouvido o idioma dos meus avós.

Lembro-me remotamente das agruras do ator que, em turnê pelo México, envolve-se casualmente com a revolução de Villa e Zapata, passa o tempo todo tentando safar-se do imbroglio, mas, no final, a acaba assumindo e, parece-me, tendo morte heróica.

É como às vezes me sinto em relação à campanha eleitoral.

A Folha de S. Paulo mancheteia neste domingo que 64% dos paulistanos querem ver mantida a obrigatoriedade do horário eleitoral em rádio e TV. O horror, o horror!

Nem o fato de que qualquer dia aparecerei durante segundos na propaganda do PSOL (o suficiente apenas para cruzar os braços e encarar os telespectadores...), me faz ter a mais remota simpatia pelo interminável desfile de candidatos patéticos, que sempre relacionei a outra fita italiana, esta uma obra-prima de Ettore Scola: Feios, sujos e malvados (1976, c/ Nino Manfredi).

Para quem vê na política o instrumento para transformar a sociedade, no sentido de despertá-la do pesadelo capitalista e propiciar o advento da "terra da amizade, onde o homem ajuda o homem" (belíssimos versos de um dos temas musicais de Arena conta Zumbi), nada pode ser mais depressivo do que tal demagogia grotesca e delirante, tal toma lá o voto sem quase nunca darem cá a ninharia que prometem, tal carnavalização como forma de chamar atenção, tais ambições pequenas de pessoas idem.

O que o Giannazi, um homem idealista, articulado e de trajetória política exemplar, tem em comum com esses farsantes medíocres, esses Russomannos, Haddads e Chalitas? Nada, absolutamente nada. 

É um Gulliver obrigado a disputar espaço com liliputianos... que, se não conseguirmos tirar leite de pedra, acabarão prevalecendo sobre ele por terem poderosas máquinas partidárias, muito mais recursos financeiros, exposição maior na mídia e no horário eleitoral, mensagens que vêm ao encontro das aspirações dos eleitores aferidas em pesquisas qualitativas, etc.

Tratar uma candidatura como produto tem tudo a ver com a sociedade de consumo; é a linguagem a que o grande público está habituado e condicionado. Quem se propõe a aclarar as consciências ao invés de embotá-las leva enorme desvantagem.

O verdadeiro palco para a esquerda sempre foram  as escolas, as ruas, campos e construções, onde o contato com as massas é direto e dramático, não as telinhas que separam  os homens dos outros homens para que, cada um por si, sucumbam mais facilmente à manipulação e à desumanização. 

Mas, se participarmos do mafuá eleitoral gratuíto é ruim, pior ainda seria se nem esta ínfima brecha aproveitássemos para tentar sensibilizar os corações e despertar as mentes.

Em circunstâncias muito raras e especiais, os Davis conseguem vencer os Golias. Só que, se não formos com nossas fundas para o campo de batalha, nunca saberemos se estávamos ou não diante de uma dessas oportunidades únicas. 

Como disse o Vandré numa canção de homenagem ao Che, "Quem afrouxa na saída/ Ou se entrega na chegada/ Não perde nenhuma guerra/ Mas também não ganha nada".

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